Caminhões aguardam liberação da BR-364 há mais de um mês, em RO

SEG / 07 ABR




Morando no caminhão há 40 dias, com a esposa e um filho de 5 anos, Daniel Cesar Araújo, de 33 anos, trabalha na estrada desde os 14, quando ainda aprendia o ofício com o tio, e diz nunca ter passado por uma situação como a que vive há mais de um mês, parado em um posto às margens da BR-364, em Porto Velho. A situação dele é a mesma de dezenas de caminhoneiros que aguardam a liberação da BR-364, bloqueada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), e que impede que eles sigam para a capital do Acre, Rio Branco, isolada por via terrestre. Cerca de 25 de mil pessoas sofrem as consequências da cheia histórica que já dura dois meses. Os desabrigados em todo o estado são 1.509 famílias. Os desalojados, que optaram ir para casa de parentes, somam 3.584. Daniel mora em Goiânia e trabalha em uma transportadora de produtos alimentícios. A orientação recebida por ele é a de que se não conseguir descarregar até o sábado (5), deve retornar para Cordeirópilis, no interior de São Paulo, e devolver a carga na indústria de alimentos. “O jeito é esperar, pois é a natureza que está nos obrigando a passar por isso. Nunca fiquei parado tanto tempo esperando para descarregar. A gente vai se virando como pode, mas mesmo acostumado a viver no caminhão é uma espera difícil, não sabemos quando estaremos em casa de novo. Espero retornar até domingo, descarregando ou não”, lamenta o caminhoneiro. Os caminhoneiros parados na BR-364, em postos situados já no perímetro urbano de Porto Velho, dizem que alguns já retornaram aos estados de origem, com toda a carga que deveria seguir para o Acre. “Teve gente que perdeu verdura, carne e outros produtos perecíveis, tendo que voltar para o estado de origem da carga. Alguns arriscaram passar no trecho alagado em Jaci-Paraná e retornaram aqui para o posto com problemas no motor e parte elétrica do caminhão. São muitos prejuízos”, afirma o caminhoneiro João Guilherme, de 36 anos de idade. Caminhoneiro há 27 anos, Roberto Prois, de 50 anos, atribui ao Governo Federal os problemas enfrentados. “A gente sabe que a interferência da natureza dificulta, mas o governo não investe nas rodovias. É buraco, falta de acostamento, sinalização, as condições são precárias, principalmente nas estradas não privatizadas. Onde tem pedágio a situação é melhor, mas pagamos caro por isso”, disse Prois que está levando estrutura metálica para a obra da Usina Hidrelétrica de Jirau. Ele afirma que o responsável pela empreiteira que já deveria ter recebido o material, e que tem mantido contato com as autoridades para tentar agilizar o transporte por balsas, mas que até agora não obteve nenhuma previsão para o descarregamento. As filas de caminhões que aguardam para atravessar por balsa, nos portos e atracadouros improvisados em trechos alagados da BR-364 são grandes. Os caminhoneiros parados em Porto Velho afirmaram ao G1 que os que arriscam aguardar na fila se arrependem e acabam voltando para o posto. “Aqui no posto pelo menos a gente tem um suporte, restaurante, banheiros, lugar pra lavar roupa, enfim, com todo o sofrimento é melhor que ficar parado na estrada, sem saber quando vamos seguir viagem”, afirmou um caminhoneiro que não quis se identificar. A prioridade para a travessia é apenas caminhões carregados de itens de primeira necessidade, como medicamentos, alimentos e combustível.

Fonte: Rede Amazônica

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